O Poder do desejo: A força motriz dos hábitos
A descoberta de que o cérebro começa a antecipar a recompensa antes mesmo de recebê-la, formando a base neurológica do desejo.
Introdução:
Os hábitos são uma parte intrínseca da experiência humana, moldando nossas ações e comportamentos diários. No entanto, o que muitas vezes não percebemos é que os hábitos não são apenas padrões de comportamento, mas também são alimentados por um elemento crucial: o desejo.
O Desejo e os Hábitos:
Imagine um cenário comum: após um dia de trabalho árduo, você se recompensa com um delicioso biscoito de chocolate da lanchonete do escritório. No entanto, com o passar do tempo, você percebe que ganhou peso e decide abandonar esse hábito. Mas, ao passar pela lanchonete, você sente uma vontade irresistível de comer "apenas mais um biscoito". Essa luta interna ilustra o poder do desejo na manutenção dos hábitos.
O Experimento de Schultz:
Na década de 1990, o neurocientista Wolfram Schultz conduziu uma série de experimentos que lançaram luz sobre a relação entre desejo e hábitos. Schultz estudou a atividade cerebral de um macaco chamado Julio, que estava aprendendo a realizar tarefas específicas. Quando Julio executava a tarefa corretamente, era recompensado com suco de amora, que ele adorava. Com o tempo, Julio começou a associar a execução da tarefa com a recompensa, e seu cérebro começou a antecipar o suco de amora. Essa antecipação é a base neurológica do desejo.
O Desejo e a Frustração:
Schultz então alterou o experimento, às vezes não fornecendo suco de amora ou diluindo-o. Julio mostrou sinais de frustração e desapontamento, assim como uma pessoa se sentiria ao desistir de um hábito apreciado. Isso demonstra como o desejo pode fortalecer a resistência de um hábito.
O Desejo e os Bons Hábitos:
A boa notícia é que o desejo também pode ser usado para formar bons hábitos. Um estudo de 2002 da New Mexico State University mostrou que as pessoas que se exercitam regularmente geralmente desejam algo do exercício, seja uma descarga de endorfina, uma sensação de realização ou um prazer subsequente. Esse desejo é o que solidifica o hábito.
O Desejo e o Consumo:
O poder dos hábitos e do desejo não passou despercebido pelas empresas. Claude Hopkins, que popularizou a pasta de dente Pepsodent, usou uma recompensa que criou desejo — a sensação de frescor e formigamento que associamos à limpeza dos dentes. Essa sensação não apenas "provou" que o produto estava funcionando, mas também se tornou uma recompensa tangível que os consumidores começaram a desejar.
Conclusão:
Os hábitos são mais do que apenas padrões de comportamento; eles são alimentados pelo desejo. Compreender essa dinâmica pode nos ajudar a quebrar maus hábitos e formar bons hábitos. Além disso, podenos fornecer insights valiosos sobre como os produtos e serviços podem ser projetados para atender aos desejos dos consumidores e, assim, criar hábitos de consumo duradouros.
Peter Drucker, muitas vezes referido como o "pai da administração moderna", teria enfatizado a importância de entender o papel do desejo na formação de hábitos, não apenas para indivíduos, mas também para organizações. Ao reconhecer e aproveitar o poder do desejo, as organizações podem criar produtos e serviços que não apenas atendem às necessidades dos clientes, mas também criam hábitos de consumo duradouros que beneficiam tanto a organização quanto o cliente.
Até a próxima! 👌


